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Câncer de Pele

Dr. Olivério de Carvalho Silva Júnior

Médico Oncodermatologista

CRM 59971


O que é o câncer de pele?


O câncer de pele é uma forma de tumor que ocorre por um desenvolvimento anormal das células da pele, que se multiplicam desordenadamente até formarem um tumor maligno.


No Brasil, estimativa de incidência no ano de 2018 sejam descobertos 6.260 casos novos, sendo que, infelizmente, essa estatística tem se mostrado sempre crescente na ultima década.


O câncer de pele é uma doença que tem cura, desde que tratada de forma adequada e principalmente se descoberto no início.


Tipos de câncer de pele


Há variadas formas de câncer de pele, sendo os mais frequentes os carcinomas basocelulares, os carcinomas espinocelulares e os melanomas.


Sendo que os melanomas são os que exigem maiores cuidados específicos, devido á maior agressividade em geral. Todavia também são os menos frequentes.


Principais fatores de risco


  • Pessoas que trabalham expostas ao sol diariamente e sem proteção adequada;

  • Exposição prolongada e repetida ao sol na infância e adolescência;

  • Pessoas de pele e olhos claros;

  • Histórico familiar de câncer de pele.

  • Como prevenir:

  • Evitar exposição prolongada ao sol principalmente entre 10 e 16 horas;

  • Sempre que ficar exposto ao sol deve-se usar filtro solar com fator de proteção mínimo de 15 (sendo que cada tipo de pele exige determinado número de fator);

  • Nenhum filtro solar oferece proteção por longos períodos sendo portanto necessário reaplicar o mesmo em média a cada 2 horas ou se entrar em contato com água ou transpirar excessivamente;

  • Em caso de trabalho ao ar livre, sempre que possível, procure locais com sombra e use alguma proteção complementar como chapéus, bonés com abas largas, camisas de manga longa, calças compridas e óculos e sol.

  • Sinais de alerta:

  • Sinais ou pintas que sofrem alterações de textura, forma, cor, ou tamanho;

  • Aparecimento de dor ou sangramento em pintas pré-existentes;

  • Manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram;

  • Feridas que não cicatrizam por períodos prolongados.

Autoexame da pele


  • Com auxílio do espelho, examine a frente e as costas do seu corpo. Depois levante os braços e olhe seu lado direito e esquerdo;

  • Dobre os cotovelos e observe com cuidado a parte interna do seu braço, e também a palma de sua mão;

  • Sentado, examine a parte posterior de sua coxa e pés, os espaços entre os dedos e a sola dos pés;

  • Examine com um espelho de mão as orelhas, pescoço e couro cabeludo;

  • Finalmente, examine sua costas e nádegas;

  • Ao perceber qualquer alteração na sua pele, consulte um médico especialista para avaliação, esclarecimento de dúvidas e quando necessário providenciar o seu tratamento adequado.

Lembre-se de que o melhor tratamento é sempre a prevenção e o diagnóstico precoce.


Exposição solar, câncer de pele e envelhecimento cutâneo


Quando o assunto é câncer de pele, apesar de toda a informação disponível, ainda existem informações dúbias, conflitantes e especulativas, que acabam confundindo as pessoas.


É bastante comum as pessoas serem informadas no sentido de que devem evitar se expor ao sol entre as 10 e as 16 horas. Isto se deve à maior concentração neste horário, dos raios ultravioleta do tipo B (UVB), que são os de maior risco, afinal, estão diretamente envolvidos no surgimento da grande maioria dos casos mais comuns de câncer de pele.


Diante disto, as pessoas acabaram imaginando que a exposição solar antes das 10 horas e após as 16 horas não lhes faria mal algum, proporcionando uma espécie de exposição “sem riscos”.


A verdade não é bem esta, nestes horários existe mais raios ultravioleta do tipo A (UVA), que são muito menos prejudiciais que o UVB para o surgimento da maior parte dos casos câncer de pele mais comuns, mas, não são de risco zero e ainda podem estar envolvidos no surgimento de alguns casos de câncer menos comuns como o melanoma, o mais grave de todos os tipos de câncer de pele. Mais do que isto, são os raios que penetram mais fundo na pele, geram mais manchas, rugas e o que chamamos como um todo de foto envelhecimento.


Aquelas manchas chamadas popularmente de “senis”, que aparecem com o passar dos anos nas áreas expostas ao sol durante a vida toda, especialmente no rosto, colo, na face externa dos braços e ombros, não tem nada a ver com a idade, prova disto é que a face interna dos braços destas mesmas pessoas, especialmente na região próxima às axilas, as nádegas e as mamas das mulheres, nunca tem as tais “manchas senis”, mesmo que tenham mais de 80 anos de idade, simplesmente porque estas áreas nunca receberam sol.


Grande parte delas é gerada pela exposição ao UVA e a enorme maioria das pessoas fica surpresa ao saber disto.


Outro fator importante, não existe nenhum horário que só tenha exclusivamente o tipo UVA ou o tipo UVB. Quando abordamos o tema, estamos falando em maior presença de um ou outro nos horários citados acima, mas, nunca em ausência de um ou outro em nenhum horário. Assim sendo, sempre se recebe os dois tipos, em maior ou menor quantidade, durante o dia todo.


Exposição prolongada ao longo da vida, especialmente nas peles mais claras, sempre trará prejuízos, seja com câncer de pele e/ou com o envelhecimento precoce.


Outra dúvida frequente é sobre a exposição solar necessária para a síntese da vitamina D pelo organismo e a osteoporose. Existem algumas variações nas pesquisas médicas sobre o assunto, mas, existem orientações básicas.


Alguns fatores acabam influenciando na produção da vitamina D pelo organismo, como a cor da pele, horário de exposição ao sol e a posição da cidade onde se encontra a pessoa com relação à linha do equador, já que quanto mais próxima desta linha, maior a exposição e a radiação que a pessoa se submeterá.


Apesar destas variantes, considera-se razoável uma exposição média de 20 a 30 minutos diários, com raios ultravioleta incidindo apenas em parte dos braços, pernas, face e tronco, já que boa parte das pessoas estará com roupas usuais de trabalho durante a semana. Trata-se de uma exposição média, já que alguns dias serão chuvosos, em outros as pessoas quase não se exporão e em outros acabam se expondo um pouco mais ou com mais partes do corpo descobertas. Portanto, não é preciso ficar medindo os minutos de forma muita precisa, basta usar o bom senso.


No caso de pessoas que não conseguem manter esta média diária ao longo do ano, pelos mais diversos motivos, pode-se pensar na complementação por meio de suplementos vitamínicos, aos quais devem ser usados somente com orientação médica e após os devidos exames para checar a real necessidade.


Esta exposição deve ser feita preferencialmente entre as 10 e as 16 horas, porque os raios UVB, são mais efetivos para a síntese da vitamina D. As exposições médias devem ser curtas, como indicado e sem fotoprotetor solar, caso contrário a síntese pode ser prejudicada.


Pessoas com peles muito claras e sensíveis podem ter que fracionar esta exposição em dois períodos de 10 ou 15 minutos diários.


Outra dúvida frequente é sobre o número do protetor solar, também conhecido como “fator de proteção solar” (FPS), que está escrito na embalagem do produto. Alguns médicos preferem sempre prescrever somente fatores altos, mas, boa parte reserva isto para casos específicos e recomenda algo próximo ao FPS 30 no dia a dia.


Uma polêmica recente que se acentuou nos últimos anos, é que todo fator acima de 30 “não serviria para nada”. Não é bem assim. O que gera esta confusão é que, realmente não adianta usar fatores altos como acima de FPS 60 e querer se expor por tempo prolongado, acreditando que nada está acontecendo.


FPS acima de 60, acaba gerando uma falsa sensação de “proteção total” porque, mesmo com exposições prolongadas, a pele não arde e não fica vermelha. Mesmo sem ficar vermelha e/ou ardida, uma pele exposta por muitas horas, sempre vai acumular dano, que não será percebido na hora e nem dias depois, mas, muitos anos depois.


Não adianta querer usar FPS altos e ficar mais tempo exposto, porque isto não funciona, e daí a impressão de alguns que acabam disseminando a informação polêmica de que fatores altos “não serviriam para nada”.


O tempo de exposição razoável seria ao redor de 2 horas ao dia, quando se frequenta uma praia, uma piscina ou praticando atividades em áreas externas, evitando os horários mais críticos (entre 10 e 16 horas) por mais de 30 minutos. Claro que às vezes pode-se ultrapassar um pouco este período, mas, deve-se evitar e sempre repassar o protetor solar. Se a pessoa quer ficar mais tempo, saiba que mais cedo ou mais tarde, aparecerá o prejuízo que demora décadas, mas, sempre aparece a partir dos 35 ou 40 anos.


Outra recomendação importante é usar bonés ou chapéus e camisetas, na maior parte do tempo. Sempre recordando, quanto mais clara a pele e a cor dos olhos, maior o risco e, portanto, cuidado redobrado. Importante lembrar que “estar na moda” e “bronzer-se” hoje para passar uma pretensa imagem de “saúde e beleza”, pode produzir um efeito visual que dura uns 15 dias, mas o prejuízo fica gravado para sempre e vai acumulando ao longo da vida. Lembrando que o “bronzeamento artificial”, com finalidade “estética”, algo que é contra indicado e está proibido por Resolução da ANVISA desde 2009, tem efeito nocivo à pele.


É comum ouvir de pacientes com câncer de pele e/ou manchas e envelhecimento da pele, a expressão “mas eu não tomo sol há muitos anos”, sem se lembrar que isto está sendo acumulado desde criança. A pele parece voltar ao normal quando se é jovem, mas, ela está ficando “carimbada“ à cada exposição e o prejuízo é cumulativo.


Como detectar o câncer de pele precocemente


É difícil definir um padrão, visto que as lesões podem variar muito, desde manchas vermelhas à manchas escuras e irregulares, passando por feridas que não cicatrizam, até lesões muito maiores e com aspecto exuberante.


Quando se nota algo estranho na pele, é preciso consultar o médico e às vezes só uma biópsia poderá levar à conclusão definitiva.


É fundamental frisar que boa parte das lesões de câncer de pele não doem, não coçam e não sangram, outra informação dúbia muito difundida. Ou seja, mesmo não sentindo nada disto, a lesão pode ser um câncer. Na dúvida, sempre consulte o dermatologista. Nunca passe pomadas ou “queime” lesões sem saber o que são. Pode-se mascarar o quadro e prejudicar a evolução, o tratamento e o prognóstico. A maioria dos casos de câncer de pele são tratados de forma razoavelmente simples se detectados no começo.


Seguindo estas orientações, é possível se expor ao sol, praticar esportes e atividades externas sem maiores consequências, mantendo uma pele saudável e jovem por mais tempo, conseguindo sintetizar vitamina D em níveis suficientes.


Como último alerta, fica a mensagem de que a enorme maioria dos danos provocados pela exposição da pele aos raios ultravioleta do sol são cumulativos e praticamente irreversíveis.


O câncer de pele é o mais comum de todos e o número de casos não para de aumentar.


Além disto, apesar das incontáveis promessas de cremes e procedimentos estéticos “anti-idade”, “antirrugas” e “antienvelhecimento”, os resultados reais e práticos são muito limitados.


O melhor “rejuvenescedor”, o mais efetivo e o mais barato de todos, continua sendo a prevenção.


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